Ellen G. White e Joseph Smith Jr.: Semelhança como Água e Açúcar

Por Matheus Rosa




       Há anos atuando como um dos apresentadores do programa Na Mira da Verdade, veiculado semanalmente pela Rede Novo Tempo de Comunicação, o fervor apologético pelo adventismo e o amplo conhecimento de textos bíblicos de Leandro Quadros lhe caracterizaram fortemente. Para toda e qualquer pergunta, Leandro Quadros possui uma resposta na ponta da língua, o que provoca admiração, mas também, por outro lado, revela os seus deslizes. E foi ao ser indagado em um episódio do referido programa sobre a diferença entre Ellen White e Joseph Smith Jr., ambos pretensos e venerados profetas do século XIX, que ele cometeu mais um.

       Ele declara:

Não, é bem diferente, amigo telespectador, Ellen White de Joseph Smith Jr. Muito diferente! Se você estudar as obras de Ellen White e as de Joseph Smith Jr., você vai perceber que a diferença é gritante, né?! Eles surgiram mais ou menos na mesma época, porém as diferenças são assim: diferença como água e óleo [...]”.[1]

       Será, porém, que Ellen White e Joseph Smith Jr. são tão diferentes assim como a água e o óleo são substâncias heterogêneas, ou seja, que não se misturam? O exame cuidadoso das evidências nos mostra, porém, que, apesar das diversas diferenças entre os dois no que concerne a mensagem, as várias semelhanças não são inexistentes. Aqui, listamos catorze semelhanças entre esses que reclamaram para si o dom profético.

Histórico

Joseph Smith Jr.

       O quinto dos onze filhos da família de Joseph Smith Sênior e Lucy Mack Smith, Joseph Smith Jr. nasceu em 23 de dezembro de 1805, em Sharon, Condado de Windsor, Vermont, EUA. No início da primavera de 1820, aos 14 anos de idade, teve a sua primeira visão, em que supostamente viu o Pai e o Filho. Em setembro de 1827, recebe das mãos do anjo Morôni, um dos personagens de O Livro de Mórmon e último compilador do mesmo, as placas de ouro que continham registros dos antigos habitantes da América e em 6 de abril de 1830 organizou formalmente em Fayette, Nova York, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cujo os membros são popularmente conhecidos pelo vulgo “mórmons”. Entre os seus escritos ditos inspirados encontram-se O Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor. É assassinado juntamente com seu irmão, Hyrum Smith, na cadeia de Carthage, Illinois, em 27 de julho de 1844.[2]

Ellen G. White

       Filha de Robert e Eunice Harmon, Ellen Gould Harmon nasceu em 26 de novembro de 1827, em Gorham, Maine, EUA. Com 9 anos de idade, foi gravemente ferida em seu nariz com uma pedra atirada por uma colega de classe, acidente este que lhe deixou sequelas. Aos 12 anos de idade, entregou o seu coração a Deus numa reunião campal metodista em Buxton, Maine, e, algum tempo depois, foi batizada por imersão por um ministro metodista nas ondas revoltosas do Oceano Atlântico que banhava as praias de Portland e recebida como membro da Igreja Metodista. Na década de 1840, o envolvimento da jovem Harmon e de sua família no então emergente Movimento Adventista, liderado pelo pregador batista Guilherme Miller, fez com que eles fossem desligados da igreja metodista local. Em dezembro de 1844, alguns meses após o Grande Desapontamento de 22 de outubro do mesmo ano, a jovem solteira Ellen Harmon teve a sua primeira “visão”, em que supostamente viu o “povo do advento” (os adventistas) caminhando para a Nova Jerusalém. No ano seguinte, conhece Tiago White, um jovem pastor da Conexão Cristã, e em 30 de abril de 1846 casa-se com ele em Portland, Maine, tornando-se a Sra. White. Juntamente com Tiago White e José Bates, fundou a Igreja Adventista do Sétimo Dia, organizada oficialmente em 1863. Ao longo de seu ministério profético, teve 2.000 visões e sonhos e escreveu cerca de 100.000 páginas sobre o mais variados temas: educação, saúde, casamento, religião, etc., escrevendo obras mundialmente conhecidas e traduzidas em várias línguas do mundo, entre elas, Caminho a Cristo, O Grande Conflito e O Desejado de Todas as Nações. Morreu em 16 de julho de 1915, aos 87 anos de idade.[3]

Semelhanças

       Conforme veremos a seguir, as similaridades entre a mensagem de Joseph Smith Jr. e a de Ellen G. White são claramente notáveis e perceptíveis:

1) Reclamação de uma missão dada por Deus

Joseph Smith: “Chamou-me pelo nome e disse-me que era um mensageiro enviado a mim da presença de Deus e que seu nome era Morôni; que Deus tinha uma obra a ser executada por mim; e que meu nome seria considerado bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas, ou que entre todos os povos se falaria bem e mal de meu nome” (Joseph Smith—História 1:33; itálico acrescentado).

Ellen White:Deus me deu uma obra da qual devo prestar contas no Juízo. Aqueles que têm escolhido seu próprio caminho e se têm erguido contra os claros testemunhos a eles dados, procurando abalar a fé dos demais nessas mensagens, devem decidir a questão com Deus. Não amenizarei mensagem alguma para acompanhar suas idéias ou relevar seus defeitos de caráter. Reconheço que não tenho falado tão claramente quanto o caso requer. Os que querem, de algum modo, amenizar a força das agudas reprovações que Deus me deu para transmitir haverão de enfrentar sua obra no Juízo” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 19; itálico acrescentado).

2) “Espírito de Profecia”

Joseph Smith: “Assim que saímos da água, após termos sido batizados, recebemos grandes e gloriosas bênçãos de nosso Pai Celestial. Apenas terminei de batizar Oliver Cowdery, o Espírito Santo desceu sobre ele e ele, pondo-se de pé, profetizou muitas coisas que logo deveriam acontecer. E tão logo fui batizado por ele, também recebi o espírito de profecia e profetizei sobre a edificação desta Igreja e muitas outras coisas ligadas à Igreja e a esta geração dos filhos dos homens. Estávamos cheios do Espírito Santo e regozijamo-nos no Deus de nossa salvação” (Joseph Smith—História 1:73; itálico acrescentado).

Ellen White: “Não obstante, quando vos mando um testemunho de advertência e reprovação muitos de vós declarais ser simplesmente a opinião da irmã White. Tendes assim insultado o Espírito de Deus. Sabeis como o Senhor Se tem manifestado por meio do Espírito de Profecia” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 27; itálico acrescentado).

3) Suposta Oposição de Satanás

Joseph Smith: “E eis que publicarão isso e Satanás endurecerá o coração das pessoas a fim de enfurecê-las contra ti, para que não creiam em minhas palavras. Assim Satanás pensa anular teu testemunho nesta geração, para que a obra não venha à luz nesta geração” (Doutrina e Convênios 10:32, 33; itálico acrescentado).

Ellen White:Foi o espírito de Satanás expresso em olhares e palavras que não produziu efeito algum nos Testemunhos do Espírito de Deus. “Isso”, disse o guia comigo, “é como qualquer mensagem do Céu será tratada”. [...]  E enquanto é chamado hoje, se você ouvir sua voz, não endureça seus corações, como na provocação no deserto” (Special Testimony to the Battle Creek Church, p. 9; itálico acrescentado).

4) Alvo da Escolha Divina

Joseph Smith: “Eis que tu és Joseph e foste escolhido para fazer a obra do Senhor, mas por causa de transgressão, se não ficares atento, cairás” (Doutrina e Convênios 3:9; itálico acrescentado).

Ellen White: “Relatei essa visão [a primeira visão, que Ellen White teve em dezembro de 1844] aos crentes em Portland, os quais tinham plena confiança de que ela procedia de Deus. O Espírito do Senhor acompanhou o testemunho e uma solene sensação de eternidade repousou sobre nós. Uma indizível reverência tomou conta de mim porque eu, tão jovem e fraca, havia sido escolhida como instrumento pelo qual Deus enviaria luz a Seu povo. Enquanto sob o poder do Senhor, eu estava plena de alegria, parecendo estar cercada por santos anjos na gloriosa corte celestial, onde tudo é paz e alegria. Foi uma triste e amarga mudança ao despertar para as realidades da vida mortal” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 62; itálico acrescentado).

5) A Verdade Contida nos Seus Escritos

Joseph Smith: “E também te ordeno que não te apegues a tua propriedade, mas oferece-a liberalmente para a impressão do Livro de Mórmon, que contém a verdade e a palavra de Deus” (Doutrina e Convênios 19:26; itálico acrescentado).

Ellen White: “Quantos têm lido cuidadosamente Patriarcas e Profetas, O Grande Conflito e O Desejado de Todas as Nações? Eu desejo que todos compreendam que minha confiança na luz que Deus tem dado permanece firme, porque eu sei que o poder do Espírito Santo engrandeceu a verdade e fê-la gloriosa, dizendo: ‘Este é o caminho; andai nele.’ Isa. 30:21. Em meus livros a verdade é declarada, fortalecida por um ‘Assim diz o Senhor’. O Espírito Santo traçou essas verdades sobre meu coração e mente de maneira tão indelével como a lei foi traçada pelo dedo de Deus nas tábuas de pedra, as quais estão agora na arca, para serem expostas naquele grande dia, quando a sentença será pronunciada contra toda má e sedutora ciência produzida pelo pai da mentira” (O Colportor Evangelista, p. 126; itálico acrescentado).

6) Seus Escritos são Sagrados

Joseph Smith: “E quando entregaste aquilo que Deus te deu visão e poder para traduzir, entregaste o que era sagrado nas mãos de um homem iníquo” (Doutrina e Convênios 3:12; itálico acrescentado).

Ellen White: “Irmã Fannie, recusei vê-la hoje de manhã, pois não estou bem o suficiente para suportar mais nada, seja bom ou ruim, que tenha uma tendência a afetar meu coração. Eu dormi muito pouco na noite passada. Eu devo estar aliviada de toda responsabilidade no seu caso. A experiência dos anos passados, em que você lidou com as coisas mais sagradas, não aumentou seu amor nem sua confiança neles. [...] Seu discernimento das coisas sagradas não é claro, mas confuso” (The Fannie Bolton Story, pp. 20,21; itálico acrescentado).

7) Restauração da Verdade

Joseph Smith: “E também, o que ouvimos? Alegres novas de Cumora! Morôni, um anjo do céu, anunciando o cumprimento dos profetas — o livro a ser revelado. A voz do Senhor no ermo de Fayette, Condado de Sêneca, anunciando as três testemunhas que testificariam quanto ao livro! A voz de Miguel às margens do Susquehanna, identificando o diabo quando apareceu como um anjo de luz! A voz de Pedro, Tiago e João no ermo entre Harmony, Condado de Susquehanna, e Colesville, Condado de Broome, no rio Susquehanna, declarando-se possuidores das chaves do reino e da dispensação da plenitude dos tempos! E também, a voz de Deus no quarto do velho Pai Whitmer, em Fayette, Condado de Sêneca; e em várias ocasiões e em lugares diversos, durante todas as viagens e tribulações desta Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias! E a voz de Miguel, o arcanjo, e a voz de Gabriel e de Rafael e de diversos anjos, de Miguel, ou seja, Adão, até o tempo atual, todos anunciando sua dispensação, seus direitos, suas chaves, suas honras, sua majestade e glória e o poder de seu sacerdócio; dando linha sobre linha, preceito sobre preceito; um pouco aqui, um pouco ali; dando-nos consolação pela proclamação do que está para vir, confirmando nossa esperança!” (Doutrina e Convênios 128:20, 21; itálico acrescentado).

Ellen White:A obra da reforma do sábado a realizar-se nos últimos tempos acha-se predita na profecia de Isaías: ‘Assim diz o Senhor: Mantende o juízo, e fazei justiça, porque a Minha salvação está prestes a vir, e a Minha justiça a manifestar-se. Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto; que se guarda de profanar o sábado, e guarda a sua mão de perpetrar algum mal.’ ‘Aos filhos dos estrangeiros que se chegarem ao Senhor, para O servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos Seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o Meu concerto, também os levarei ao Meu santo monte, e os festejarei na Minha casa de oração.’ Isa. 56:1, 2, 6 e 7. Estas palavras se aplicam à era cristã, como se vê pelo contexto: ‘Assim diz o Senhor Jeová, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda ajuntarei outros aos que já se lhe ajuntaram.’ Isa. 56:8. Aqui está prefigurado o ajuntamento dos gentios pelo evangelho. [...] Desta maneira indica o profeta a ordenança que tem estado esquecida: ‘Levantarás os fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar. Se desviares o teu pé do sábado, e de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso, e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares, não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas próprias palavras, então te deleitarás no Senhor.’ Isa. 58:12-14. Esta profecia também se aplica a nosso tempo. A rotura foi feita na lei de Deus, quando o sábado foi mudado pelo poder romano. Chegou, porém, o tempo para que esta instituição divina seja restabelecida. A rotura deve ser reparada, e levantado o fundamento de geração em geração” (O Grande Conflito, pp. 451-453; itálico acrescentado).

8) A Única Igreja Verdadeira

Joseph Smith: “E também para que aqueles a quem foram dados estes mandamentos tivessem poder para estabelecer o alicerce desta igreja [A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias] e tirá-la da obscuridade e das trevas, a única igreja verdadeira e viva na face de toda a Terra, com a qual eu, o Senhor, me deleito, falando à igreja coletiva e não individualmente” (Doutrina e Convênios 1:30; itálico acrescentado).

Ellen White:Deus tem na Terra uma igreja que está erguendo a lei pisada a pés, e apresentando aos homens o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. [...] No mundo só existe uma igreja que presentemente se acha na brecha, tapando o muro e restaurando os lugares assolados; e todo homem que chamar a atenção do mundo e de outras igrejas para esta igreja, denunciando-a como Babilônia, está trabalhando de acordo com aquele que é o acusador dos irmãos. [...] Sejam todos cuidadosos para não clamarem contra o único povo que está cumprindo a descrição dada do povo remanescente, que guarda os mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus, e que exalta a norma de justiça nestes últimos dias. Deus tem um povo distinto, uma igreja na Terra, inferior a nenhuma outra, mas a todas superior em seus recursos para ensinar a verdade, para vindicar a Lei de Deus. [...] Meu irmão, se estais ensinando que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é Babilônia, estais errado” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pp. 50,58,59; itálico acrescentado).

9) Todas as Outras Igrejas Estão Erradas

Joseph Smith: “Meu objetivo ao dirigir-me ao Senhor era saber qual de todas as seitas estava certa, a fim de saber a qual me unir. Portanto, tão logo me controlei o suficiente para poder falar, perguntei aos Personagens que estavam na luz acima de mim qual de todas as seitas estava certa (pois até aquele momento jamais me ocorrera que todas estivessem erradas) e a qual me unir. Foi-me respondido que não me unisse a qualquer delas, pois estavam todas erradas; e o Personagem que se dirigia a mim disse que todos os seus credos eram uma abominação a sua vista; que aqueles religiosos eram todos corruptos; que ‘eles se aproximam de mim com os lábios, mas seu coração está longe de mim; ensinam como doutrina os mandamentos de homens, tendo aparência de religiosidade, mas negam o seu poder.’ Novamente me proibiu de unir-me a qualquer delas [...]” (Joseph Smith—História 1:18-20; itálico acrescentado).

Ellen White: “Foi-me mostrada a necessidade dos que crêem estarmos tendo a última mensagem de misericórdia, de se separarem dos que estão diariamente absorvendo novos erros. Vi que nem jovens e nem velhos devem assistir a suas reuniões; pois é errado assim encorajá-los enquanto ensinam o erro que é veneno mortal para a alma e doutrinas que são mandamentos de homens. A influência de tais reuniões não é boa. Se Deus nos libertou de tais trevas e erros, devemos ficar firmes na liberdade com que Ele nos tornou livres e regozijar na verdade. Deus Se desagrada de nós quando assistimos ao erro sem a isso ser obrigados; pois a menos que Ele nos envie a essas reuniões onde o erro é inculcado ao povo pelo poder da vontade, Ele não nos guardará. Os anjos cessam seu vigilante cuidado sobre nós, e somos deixados aos açoites do inimigo, deixados a ser entenebrecidos e debilitados por ele e pelo poder dos seus anjos maus; e a luz ao nosso redor fica contaminada com as trevas” (Primeiros Escritos, p. 124; itálico acrescentado).

10) Princípios de Saúde

Joseph Smith: “Uma Palavra de Sabedoria, para o benefício do conselho de sumos sacerdotes, reunido em Kirtland, e da igreja e também dos santos de Sião — Para ser enviada como saudação; não como mandamento ou coerção, mas como revelação e palavra de sabedoria, manifestando a ordem e a vontade de Deus quanto à salvação física de todos os santos nos últimos dias — Dada como princípio com promessa, adaptada à capacidade dos fracos e do mais fraco de todos os santos, que são ou podem ser chamados santos. Eis que, em verdade, assim vos diz o Senhor: Devido a maldades e desígnios que existem e virão a existir no coração de homens conspiradores nos últimos dias, eu vos adverti e previno-vos, dando-vos esta palavra de sabedoria por revelação — Eis que não é bom nem aceitável aos olhos de vosso Pai que alguém entre vós tome vinho ou bebida forte, exceto quando vos reunis para oferecer vossos sacramentos perante ele. [...] E também tabaco não é para o corpo nem para o ventre e não é bom para o homem, mas é uma erva para machucaduras e todo gado doente, a qual se deve usar com discernimento e habilidade. E também bebidas quentes não são para o corpo nem para o ventre. E também em verdade vos digo: Todas as ervas salutares indicou Deus para a constituição, natureza e uso do homem — Toda erva em sua estação e toda fruta em sua estação; todas essas para serem usadas com prudência e ação de graças. Sim, também a carne de animais e a das aves do ar, eu, o Senhor, indiquei para uso do homem, com gratidão; contudo, devem ser usadas moderadamente” (Doutrina e Convênios 89:1-5,8-12; itálico acrescentado).

Ellen White: “Foi na casa do irmão A. Hilliard, em Otsego, Michigan, em 6 de junho de 1863, que o grande assunto da Reforma Pró-Saúde me foi apresentado em visão. [...] Vi que agora devíamos ter especial cuidado da saúde que Deus nos deu, pois nossa obra ainda não tinha sido realizada. Nosso testemunho ainda precisava ser dado, e teria influência. [...] Foi-me mostrado o perigo de famílias que são de temperamento irritável, com predomínio das paixões animais. Seus filhos não devem ter permissão para fazer dos ovos sua alimentação, pois esta espécie de alimento - ovos e a carne de animais provocam as paixões animais. [...] A questão acerca de se devemos comer manteiga, carne ou queijo, não deve ser apresentada como prova a quem quer que seja, mas devemos educar as pessoas, mostrando os males das coisas que são censuráveis. [...] Chá, café, fumo e álcool precisam ser apresentados como condescendências pecaminosas. Não podemos pôr a carne, os ovos, a manteiga e o queijo em pé de igualdade com esses artigos colocados sobre a mesa. Estes não devem ser postos na frente, como o tema principal de nossa obra. Os primeiros - chá, café, fumo, cerveja, vinho e todas as bebidas alcoólicas - não devem ser ingeridos moderadamente, mas rejeitados. Os perniciosos narcóticos não devem ser tratados do mesmo modo que o assunto dos ovos, da manteiga e do queijo” (Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 276,279,286,287; itálico acrescentado).

11) Forma Física do Pai

Joseph Smith:O Pai tem um corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem; o Filho também; mas o Espírito Santo não tem um corpo de carne e ossos, mas é um personagem de Espírito. Se assim não fora, o Espírito Santo não poderia habitar em nós” (Doutrina e Convênios 130:22; itálico acrescentado).

Ellen White: “Vi um trono, e assentados nele estavam o Pai e o Filho. Contemplei o semblante de Jesus e admirei Sua adorável pessoa. Não pude contemplar a pessoa do Pai, pois uma nuvem de gloriosa luz O cobria. Perguntei a Jesus se Seu Pai tinha forma dEle, Jesus disse que sim, mas eu não poderia contemplá-Lo, pois disse: ‘Se uma vez contemplares a glória de Sua pessoa, deixarás de existir.’” (Primeiros Escritos, p. 54; itálico acrescentado).

12) Jeová do AT é o Cristo do NT

Joseph Smith: “Os seus olhos eram como uma labareda de fogo; os cabelos de sua cabeça eram brancos como a pura neve; o seu semblante resplandecia mais do que o brilho do sol; e a sua voz era como o ruído de muitas águas, sim, a voz de Jeová, que dizia: Eu sou o primeiro e o último; sou o que vive, sou o que foi morto; eu sou vosso o advogado junto ao Pai” (Doutrina e Convênios 110:3,4; itálico acrescentado).

Ellen White: “Jeová é o nome dado a Cristo” (SDA Bible Commentary, vol. 7A, p. 439; itálico acrescentado).

13) Declarações de Cunho Racista

Joseph Smith: “A palavra do Senhor, portanto, foi cumprida quando me falou, dizendo: Se deixarem de dar ouvidos às tuas palavras, serão afastados da presença do Senhor. E eis que foram afastados de sua presença. E ele fez cair a maldição sobre eles, sim, uma dolorosa maldição, por causa de sua iniquidade. Pois eis que haviam endurecido o coração contra ele de tal modo que se tornaram como uma pedra; e como eram brancos, notavelmente formosos e agradáveis, a fim de que não fossem atraentes para meu povo o Senhor Deus fez com que sua pele se tornasse escura. E assim diz o Senhor Deus: Eu farei com que sejam repugnantes a teu povo, a menos que se arrependam de suas iniquidades. E amaldiçoada será a semente daquele que se misturar com a semente deles; porque será amaldiçoada com igual maldição. E o Senhor assim disse, e assim foi. E por causa da maldição que caiu sobre eles, tornaram-se um povo preguiçoso, cheio de maldade e astúcia e procuravam animais de caça no deserto” (O Livro de Mórmon – 2 Néfi 5:20-24; itálico acrescentado).

Ellen White: “Mas há uma objeção ao casamento de brancos com negros. Todos devem considerar que não têm o direito de trazer a sua prole aquilo que a coloca em desvantagem; não têm o direito de lhe dar como patrimônio hereditário uma condição que os sujeitaria a uma vida de humilhação. Os filhos desses casamentos mistos têm um sentimento de amargura para com os pais que lhes deram essa herança para toda a vida. Por essa razão, caso não houvesse outras, não deveria haver casamentos entre brancos e negros” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 344; itálico acrescentado).

14) Vida em Outros Planetas

Joseph Smith: “E ele [Moisés] viu muitas terras; e cada uma se chamava Terra e havia habitantes em sua superfície. E aconteceu que Moisés clamou a Deus, dizendo: Dize-me, rogo-te, por que essas coisas são assim e por meio de que as fizeste? E eis que a glória de Deus estava sobre Moisés, de modo que Moisés permaneceu na presença de Deus e conversou com ele face a face. E o Senhor Deus disse a Moisés: Fiz essas coisas para meu próprio intento. Aqui há sabedoria e em mim permanece. E pela palavra de meu poder criei-as, a qual é meu Filho Unigênito que é cheio de graça e verdade. E mundos incontáveis criei; e também os criei para meu próprio intento; e criei-os por meio do Filho, o qual é meu Unigênito” (Pérola de Grande Valor – Moisés 1:29-33; itálico acrescentado).

Ellen White: “O Senhor me proporcionou uma vista de outros mundos. Foram-me dadas asas, e um anjo me acompanhou da cidade a um lugar brilhante e glorioso. A relva era de um verde vivo, e os pássaros gorjeavam ali cânticos suaves. Os habitantes do lugar eram de todas as estaturas; nobres, majestosos e formosos. Ostentavam a expressa imagem de Jesus, e seu semblante irradiava santa alegria, que era uma expressão da liberdade e felicidade do lugar. Perguntei a um deles por que eram muito mais formosos que os da Terra. A resposta foi: ‘Vivemos em estrita obediência aos mandamentos de Deus, e não caímos em desobediência, como os habitantes da Terra.’ Vi então duas árvores. Uma se assemelhava muito à árvore da vida, existente na cidade. O fruto de ambas tinha belo aspecto, mas o de uma delas não era permitido comer. Tinham a faculdade de comer de ambas, mas era-lhes vedado comer de uma. Então meu anjo assistente me disse: ‘Ninguém aqui provou da árvore proibida; se, porém, comessem, cairiam.’” (Primeiros Escritos, pp. 39,40; itálico acrescentado).

15) Predição Não-Cumprida em relação a Guerra Civil Americana (1861-1865)

Joseph Smith: “Em verdade, assim diz o Senhor em relação às guerras que logo ocorrerão, a começar pela rebelião da Carolina do Sul que, por fim, terminará com a morte e sofrimento de muitas almas; e chegará o tempo em que a guerra se derramará sobre todas as nações, começando desse lugar. Pois eis que os estados do sul se dividirão contra os estados do norte e os estados do sul recorrerão a outras nações, mesmo à nação da Grã-Bretanha, como é chamada, e eles também recorrerão a outras nações a fim de se defenderem contra outras nações; e então a guerra se derramará sobre todas as nações” (Doutrina e Convênios 87:1-3; itálico acrescentado).

Ellen White:Foi-me mostrado que se o objetivo dessa guerra tivesse sido eliminar a escravidão, se o Norte o desejasse, a Inglaterra se disporia a ajudar. Mas a Inglaterra bem sabe das intenções existentes no governo; e que a guerra não é para acabar com a escravidão, mas somente preservar a União, o que não é de seu interesse. [...] Esta nação ainda será humilhada até o pó. A Inglaterra está estudando se é melhor tirar proveito da presente condição do país, guerreando contra ele. Examina a questão e sonda outras nações. Teme que, se ela iniciar uma guerra no Exterior, enfraquecer-se-ia e outras nações poderiam tirar proveito da situação. Outros países estão fazendo preparativos silenciosos, todavia diligentes, para a luta armada e esperando que a Inglaterra combata os Estados Unidos, para então terem a oportunidade de vingar-se da exploração e injustiças de que foram vítimas no passado. Uma parte dos países sujeitos à rainha, está esperando por uma chance favorável para quebrar seu jugo; mas se a Inglaterra pensar que isso valerá a pena, não vacilará um momento para aumentar as chances de exercer o poder e humilhar nosso país. Quando a Inglaterra declarar guerra, todas as nações terão interesses próprios a atender, haverá guerra e confusão totais. A Inglaterra está familiarizada com a diversidade de sentimentos havidos por aqueles que estão buscando acabar com a rebelião. Ela bem sabe das perplexas condições de nosso governo e olha com expectativa ao prosseguimento da guerra, para a movimentação lenta e ineficiente de nossos exércitos e as nocivas despesas acarretadas ao país. A fraqueza de nosso governo está patente às outras nações, e elas concluem que isso se deve ao regime não-monárquico de governo, e ficam admiradas com seu sistema político, umas olhando-nos com certa piedade, outras com desprezo, a nós, a quem eles consideravam a nação mais poderosa do planeta. Se o país tivesse permanecido unido, seria forte, mas dividido, tem de desmoronar-se” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 259; itálico acrescentado).

E Agora, Leandro?!

       Leandro Quadros continua a sua análise citando um suposto ponto de diferença entre Joseph Smith e Ellen White:

Por exemplo, se você ler o suposto novo evangelho de Jesus Cristo, o Livro Mórmon, o evangelho para as Américas, você vê claramente que tem coisas totalmente diferentes do texto bíblico e aquela obra é apresentada como um complemento da Bíblia, correção de certos aspectos que o cristianismo supostamente deturpou a Bíblia. Tá? Então, veja, essa é a crença!”.[4]

       Para corroborar com a sua proposição, ele apresenta no vídeo uma citação de Ellen White que supostamente mostra como ela via os seus escritos ditos inspirados em relação a Bíblia.

       Vejamos a citação empregada por Quadros:

“Não devem os testemunhos da irmã White ser postos na dianteira. A Palavra de Deus é a norma infalível. Não devem os Testemunhos substituir a Palavra. Devem todos os crentes manifestar grande cautela no expor cuidadosamente estes assuntos, e calai sempre que houverdes dito o suficiente. Provem todos a própria atitude por meio das Escrituras e fundamentem pela Palavra de Deus revelada todo ponto que vindicam ser verdade” (Evangelismo, p. 256).

       Após ler a citação transcrita acima, Quadros indica as páginas 257 e 258 do livro citado acima e o capítulo 10 da obra Caminho a Cristo e conclui o seu raciocínio, dizendo:

Então, enquanto Joseph Smith apresentava a sua obra como complemento da revelação profética, Ellen White dizia que as obras dela eram pra testemunhar da perfeita Palavra de Deus. Então, meu irmão, a diferença é gritante sim!”.[5]

       É verdade que o Livro de Mórmon é apresentado, conforme aparece na capa dos exemplares da referida obra, como “Outro Testamento de Jesus Cristo”. No prefácio do livro, é feita a seguinte descrição da obra:

“O Livro de Mórmon é um volume de escrituras sagradas comparável à Bíblia. É um registro da comunicação de Deus com antigos habitantes das Américas e contém a plenitude do evangelho eterno”.[6]

       Também é verdade que o Livro de Mórmon é apresentado pelo mormonismo como um “complemento da revelação profética” e como tendo a função de corrigir “certos aspectos que o cristianismo supostamente deturpou a Bíblia”, para citar as palavras de Quadros, como vemos a seguir:

“Portanto, o fruto de teus lombos escreverá [o Livro de Mórmon]; e o fruto dos lombos de Judá escreverá [a Bíblia]; e aquilo que for escrito pelo fruto de teus lombos e também o que for escrito pelo fruto dos lombos de Judá serão unidos, confundindo falsas doutrinas e apaziguando contendas e estabelecendo paz entre o fruto de teus lombos; e levando-os nos últimos dias a conhecerem seus pais e também meus convênios, diz o Senhor” (O Livro de Mórmon – 2 Néfi 3:12).

       Inclusive, a frase “suposto novo evangelho de Jesus Cristo”, empregada por Quadros em sua resposta, nos remete à Gálatas 1.8 e 9, em que é declarado maldito todo aquele que traz um evangelho diferente do pregado pelo apóstolos, ou seja, o evangelho original e autêntico de Jesus Cristo.

       Contudo, será que Ellen White nunca chegou a apresentar a sua obra como “complemento da revelação profética”? Não é isso o que ela indica na seguinte citação:

“Nos tempos antigos, Deus falou aos homens pela boca de Seus profetas e apóstolos. Nestes dias Ele lhes fala por meio dos Testemunhos do Seu Espírito. Não houve ainda um tempo em que mais seriamente falasse ao Seu povo a respeito de Sua vontade e da conduta que este deve ter” (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 276; itálico acrescentado).

       Vale ressaltar que, pelo menos, em grande parte, o que Deus “falou aos homens pela boca de Seus profetas e apóstolos” está registrado nas Sagradas Escrituras. Na Bíblia está contida a vontade de Deus para a fé e vida do homem, expressa em princípios gerais e específicos espalhados por todas as Escrituras. Porém, Ellen White nos indica que esse era o meio pelo qual Deus falou com os homens no passado. Atualmente, segundo a profetisa adventista, Deus Se comunica com a humanidade através dos “Testemunhos do Seu Espírito” – clara referência aos seus escritos.

       Para deixar claro, não sou cessacionista. Não sou cessacionista porque a Bíblia enfaticamente liga a cessação de todos os dons espirituais, incluindo o de profecia, à segunda vinda de Cristo (1Co 1.7; 13.8-10), e não ao fechamento do cânon com a morte do último apóstolo. Porém, a revelação especial extrabíblica jamais pode ser colocada ao lado, acima ou em lugar da Palavra de Deus. A revelação canônica sempre terá primazia no que importa à fé e conduta (2Tm 3.16,17). A Bíblia ensina que a função do dom de profecia é edificar, exortar, consolar a igreja e, quando Deus julga necessário, revelar os segredos do coração do homem (1Co 14.3,4,25), nunca acrescentar doutrinas às Escrituras.

       Outra citação mostra como Ellen White verdadeiramente via os seus escritos em relação a Bíblia:

“Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres à luz maior (O Colportor-Evangelista, p. 125; itálico acrescentado).

       Tal declaração, como a vista acima, põe em xeque a suficiência da Bíblia como regra de fé e prática para o cristão. A Palavra de Deus é suficiente para iluminar o caminho do cristão, tornando desnecessária uma “luz menor”, como disse o salmista: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl 119.105).

       As citações em que Ellen White exalta a Bíblia como a Palavra de Deus não ofuscam o valor conferido pela autora aos seus escritos, assim como as declarações aparentemente trinitarianas do “profeta” Joseph Smith não escondem o seu ensino politeísta.

       E não é só no Livro de Mórmon que encontramos “coisas totalmente diferentes do texto bíblico”! Nos escritos de Ellen White também encontramos ideias relacionadas ao texto bíblico que estão ausentes nele, entre elas, a amálgama de homens e animais como razão para a destruição de quase toda a raça humana no Dilúvio, a serpente dourada que voava no Éden antes da Queda e a ressurreição de Jesus através de um anjo, só para citar alguns exemplos.

Conclusão

       As semelhanças entre Joseph Smith Jr. e Ellen G. White não se restringem ao contexto histórico e religioso em que estavam situados. O senso de uma missão divinamente outorgada por Deus e as diversas heresias em comum aproximam os dois falsos profetas e reduzem significativamente o abismo de diferenças existente entre ambos.

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Notas e Referências

[1] QUADROS, Leandro. Qual a diferença entre Ellen G. White e o profeta mórmon Joseph Smith Jr?. 2016. (8m38s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5X9DGKeyoqs>. Acesso em: 24 de jul. 2018.
[2] Ensinamentos dos Presidentes da Igreja – Joseph Smith. Salt Lake City, UT: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2007, pp. xiii-xx.
[3] Biografia. Disponível em: <http://www.centrowhite.org.br/ellen-g-white/biografia-de-ellen-g-white-1827-1915/>. Acesso em: 18 de jul. 2018.
[4] Qual a diferença entre Ellen G. White e o profeta mórmon Joseph Smith Jr?.
[5] Idem.
[6] O Livro de Mórmon – Outro Testamento de Jesus Cristo. Salt Lake City, UT: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2015, p. vii.

Comentários

  1. Matheus, tudo bem?
    Vc e adventista?
    Vc é o mêsmo Matheus Rosa que esteve no Programa da Rede Novo Tempo, 180 graus, A hora da virada?

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  2. Sou Adventista mas não aceito Ellen G. White.

    ResponderExcluir

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